Em semana de dias comemorativos, hoje dedicamo-nos à Poesia e aos Poetas. Não podíamos ficar indiferentes a uma das artes maiores da literatura. Deixamos aqui o elogio a esses homens e mulheres que ousaram escutar o mundo e a existência, dar voz ao nosso silêncio, trazer à luz do dia o sentido das coisas.

E " porque santos da terra fazem milagres", lembramos o nosso conterrâneo, escritor/ poeta Teixeira Pascoaes( n.1877 em Gatão- m.1952)

Ai, se não fosse a névoa do meu rio E a velhinha janela onde me vou Debruçar para ouvir a voz das cousas, Eu não era o que sou.   (...) Sombras

E também Agustina Bessa Luís ( n.1922, em Vila-Meã)

Não quero cantar amores, Amores são passos perdidos, São frios raios solares, Verdes garras dos sentidos. São cavalos corredores Com asas de ferro e chumbo, Caídos nas águas fundas, não quero cantar amores. (...)  Garras dos Sentidos

E também Sofia de Mello Breyner Andresen (n.1919, no Porto- m.2004) que, na sua juventude,  passava férias em Amarante

Porque os outros se mascaram mas tu não 
Porque os outros usam a virtude 
Para comprar o que não tem perdão. 
Porque os outros têm medo mas tu não. 
Porque os outros são os túmulos caiados 
Onde germina calada a podridão. 
Porque os outros se calam mas tu não. 
Porque os outros se compram e se vendem 
E os seus gestos dão sempre dividendo. 
Porque os outros são hábeis mas tu não. 
Porque os outros vão à sombra dos abrigos 
E tu vais de mãos dadas com os perigos. 
Porque os outros calculam mas tu não.

Porque

" (...)Continuei a observá-los, ambos estavam felizes. Inclinei-me para a minha mãe e, como a uma recém-casada, peguei nela ao colo e beijei-a. Ela ria e o meu pai também, continuei a beijá-la e a respirar o seu odor, como ela fizera com o meu irmão mais novo quando, depois de alguns anos, ele regressara da guerrilha. Com calma e delicadeza poisei-a no chão e fui abraçar o meu pai. Ele ria<< Porque me abraças? Não vou fazer nenhuma viagem>> <<Achas que é necessária uma ocasião especial para um filho abraçar o seu pai?>> <<Claro que não, filho, vem cá>>, puxou-me para ele e abraçou-me.(...)  ",

               A espingarda de meu pai, de  Hiner Saleem ( nasceu em1964, no Curdistão iraquiano; exilado político em Paris)

      Dia do Pai? Ou todos serão dias de Amor          

                            dedicados aos filhos?                         

    Dia do Pai? Ou todos os dias trarão em si a marca das  preocupações,dos sonhos,   das alegrias e   tristezas que povoam a alma do Pai?

      Dia do Pai? Ou simplesmente, Pai todos os dias?!  

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